8.5.06

IndieLisboa 2006 - Mary de Abel Ferrara


A temática religiosa é recorrente, pelo menos a um nível subconsciente, na filmografia de Abel Ferrara. Neste “Mary” o assunto é abordado frontalmente, a partir de três personagens. Um realizador de cinema (Matthew Modine) que acaba de rodar um filme sobre a vida de Cristo perde a noção dos limites da sua megalomania e leva a actriz principal do seu filme (a cada vez mais bonita Juliette Binoche) a transformar-se na sua própria personagem – Maria Madalena. A actriz abandona o seu estilo de vida confortável e muda-se para Israel, para viver na plenitude a sua religiosidade. Em simultâneo, um jornalista televisivo (protagonizado pelo soberbo Forrest Withaker) religiosamente céptico mas habituado a desenvolver entrevistas sobre o tema da espiritualidade, começa a questionar o seu modo de vida após uma inesperada tragédia pessoal. À medida que as incertezas crescem, impõe-se a necessidade da fé. A O realizador não utiliza o filme como meio para transmitir uma opinião pessoal, apenas vai enviando sinais em várias direcções. O ambiente “carregado” favorece a reflexão e esta abordagem da religiosidade não deixa os espectadores indiferentes, quer sejam crentes ou agnósticos. NOC